quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Tailândia: O extravagante herdeiro do trono mais respeitado

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O filho herdeiro do rei Bhumibol Adulyadej da Tailândia, falecido esta quinta-feira, tem 64 anos e uma vida conhecida pela bizarria e pela extravagância.

Nomeou o cão, Foo Foo, major-general da Força Aérea. É incrivelmente parecido com um indivíduo que, em julho, foi fotografado à chegada ao aeroporto de Munique de calça de ganga justa e de cinta descida, um top (ou a t-shirt levantada até meio do torso) a revelar costas e braços inteiramente tatuados (temporariamente, aventa-se), com um poodle branco (diz quem sabe que é Fee Fee, sucessor de Foo Foo, morto em 2015 e cremado após quatro dias de luto) e uma escultural tailandesa.

É visto, num vídeo de 2006, a cantar os parabéns a Foo Foo, numa festa de piscina, de braço dado com a então consorte, nua. Teve três esposas a renunciar ao estatuto real - que é como quem lhe chama qualquer coisa como divórcio - e exibe-se com uma nova "guarda", a ex-hospedeira da Thai Suthida Vajiralongkorn, ou "Nui".

Chama-se Maha Vajiralongkorn e foi, em 1972, designado pelo rei Bhumibol Adulyadej como sucessor do trono da Tailândia. Coisa que parece ter-lhe acontecido esta quinta-feira e para a qual o príncipe de 64 anos parece não estar preparado.

O primeiro-ministro tailandês disse-o mal lamentou a partida do rei que unia o desequilibrado reino, dado a golpes de Estado sucessivos e com um poder militar cuja última rebelião visou, veja-se, defender a monarquia.

O líder desse golpe é o mesmo primeiro-ministro de que se falava algumas linhas atrás, Prayuth Chan-ocha, reconhecido por Bhumibol. Solene e de negro trajado, confirmou que "o rei designou o seu sucessor a 28 de dezembro de 1972", dia em que o extravagante príncipe (o jornal britânico "The Guardian" chama-lhe playboy, o francês "Le Monde" prefere "folião") jurou perante o Buda Esmeralda. Pois que esse o jovem que desde então cresceu fez-se um homem de 64 anos. Perante a morte do pai, o único filho homem de Bhumibol pediu tempo. Para fazer o luto com o povo tailandês...

Mas quem é, afinal, Maha Vajiralongkorn? É o herdeiro de uma das mais respeitadas monarquias do mundo, à falta de alternativas. A mais bem preparada irmã Maha Chakri Sirindhorn tem o grave senão de ser mulher e nunca houve nenhuma a reger a Tailândia. Estudou num colégio militar na Austrália, tem uma invejável carteira de títulos militares, uma licença de piloto de aviação, três ex-mulheres oficiais, um rol apreciável de conquistas e vários filhos. Alguns deles exilaram-se depois de verem ser-lhes retirados o nome e o título reais... pelo próprio pai.

Maha Vajiralongkorn não tem pejo em levar a cabo uma purga nos círculos mais próximos, incluindo o de Bhumibol e das famílias das ex-mulheres. É dado como próximo de políticos populistas cujo poder assustou a elite militar e terá levado aos golpes de Estado que afastaram os primeiros-ministros Thaksin Shinawatra (que lhe ofereceu um carro de luxo quando chegou ao poder) e a irmã Yingluck Shinawatra, o último dos quais em 2014. E é, agora, a menina dos olhos dos militares (se não podes vencê-lo, junta-te a ele), que tenta lavar-lhe a retorcida imagem.

Conhecido (e detestado) pelas suas bizarrias, o príncipe beneficiou, até hoje, das pesadas leis de lesa-majestade tailandesa. Essas que dizem que quem difamar a família real está a cometer um crime passível de penas até 15 anos de prisão. E que determinam que qualquer tailandês pode denunciar e mover um processo contra o infame difamador. Essa mesma lei que levou a que a esposa tailandesa do jornalista britânico Andrew McGregor Marshall fosse presa mal o marido publicou as fotos de um Maha Vajiralongkorn tatuado em Munique na sua conta no Facebook.

Portanto, debater a vida desbragada do príncipe é, por definição, um crime. Mesmo entre o aparelho político e militar tailandês. Fazer do assunto uma conversa de café mais ainda, apesar de os tailandeses terem um apetite não escondido pela vida airada do futuro rei, cuja visão política é praticamente desconhecida.

Recorda o "The Guardian" uma escuta divulgada em 2010, em que elementos do Conselho de Estado da Tailândia abordam as "transações financeiras embaraçosas" de Maha Vajiralongkorn e a sua mania de se meter na política. A somar às já referidas práticas intimidatórias e persecutórias do herdeiro, a Tailândia pode estar perto de um novo período de instabilidade.

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